segunda-feira, 1 de abril de 2024

QUEM FOI O INGLÊS QUE MOROU EM ABREU E LIMA?

HENRY KOSTER, O INGLÊS QUE MOROU EM ABREU E LIMA

         

As maiores informações sobre o Engenho Jaguaribe nos são fornecidas pelo inglês Henry Koster, que tomou posse do Engenho em abril de 1812. Segundo ele, na época o Engenho tinha muitos bois, maquinário, acessórios e escravos. A estrutura estava toda pronta e em funcionamento. O inglês procurava se ocupar nas terras brasilienses enquanto tentava se curar da tuberculose que lhe afligia. Não tinha o interesse de nos contar os pormenores da fauna, da vida e da cultura do povo que conhecera, apenas tomava notas exatas, o que lhe rendeu o título de The Accurate Koster, “O exato Koster”.
Era um ser humano simples, totalmente “humano” sem a obrigação de escrever ou relatar alguma coisa do ponto de vista técnico ou científico. 

       

Escrevia algumas notas enquanto embalava na rede da casa grande, pisava o barro massapê nordestino de onde florescia a cana-de-açúcar. Não era nenhum rico, mas como dizia Machado de Assis, era um “mais ou menos”. Nascido em Portugal, era filho de ingleses, pouco falou sobre sua família em seus escritos, sabe-se apenas que trabalhavam no comércio em Portugal. Saiu de Liverpool, na Inglaterra em 2 de novembro de 1809 e chega ao Recife no Navio “Lucy” em 7 de dezembro do mesmo ano. Quando chegou em Pernambuco logo criou amizades com pessoas de todas as classes sociais, gostava mais das classes mais baixas, pois segundo ele “tinham menos cerimônias”. Viajou diversos Estados do Nordeste, conhecendo 
várias cidades: Recife, Olinda, Igarassu e Goiana em Pernambuco; Mamanguape, Assu, São José do Mipibu, Angicos, Natal no Rio Grande do Norte, Fortaleza no Ceará, São Luís no Maranhão, e até o Sertão, em presenciando de perto a seca, a fome e miséria daquele povo.


Koster é um homem viajante à procura não sei de que, talvez da cura ou apenas de aproveitar o tempo que lhe restava de vida. Quando arrendou o Engenho Jaguaribe, pôde ter uma experiência tipicamente brasileira com os escravos, “canaviais, vizinhos arengueiros, superstições, vaidades velhas, bondade simples, um mundo novo que o inglês mergulha gostosamente.” Neste contexto, Koster nos descreve como era a vida no Engenho Jaguaribe e arredores.

O caminho de acesso ao Engenho passava pela terra de “Paulistas”, e cruzava o Paratibe, uma légua que se seguia por dentro das matas pelo meio dos bosques até chegar numa colina onde findavam os bosques e detinham uma paisagem admirável.



Luís Câmara Cascudo nos informa que a última menção sobre Koster, é de James Henderson, na “History Of The Brazil”. Onde Henderson informa que visitou Koster em Recife em 1819, e o encontrou muito debilitado e em informou: “lamento dizer que pouco tempo sobreviveu...” O ano mais provável da sua morte foi 1820, em Recife, sepultado provavelmente no Cemitério dos Ingleses no bairro de Santo Amaro.

Por Flávio Alves

SOUZA, Flávio Alves L de. De Maricota a Abreu e Lima: A História da Cidade de Abreu e Lima. 1. ed. Recife: CEPE, 2019. 131 p.

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