sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A HISTÓRIA DO BAIRRO DO FOSFATO EM ABREU E LIMA/PE

A história do bairro do Fosfato

O bairro do Fosfato possui uma história bem interessante, e se deve exatamente à exploração do fosforita na região. O minério foi descoberto na faixa costeira de Pernambuco e Paraíba primeiramente pelo professor Paulo José Duarte em 1949. E é muito utilizado como fertilizante fosfatados. As reservas oficiais na Região Metropolitana do Recife montam em 32.242.361 toneladas de fosfato.

JK na Fosforita de Olinda, 1958.
O fosfato foi explorado pelo DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral e pela Fosforita Olinda S.A. – FASA. Ambas pioneiras na indústria de fertilizantes. A FASA, cujo presidente era o Sr. Domingos da Costa Azevedo, inaugurou uma nova fase de empreedimento com a presença do então presidente Juscelino Kubitschek e sua comitiva de ministros no dia 19 de janeiro de 1958. Neste evento, o então presidente da República enfatizou que a FASA “cumpriria quase sozinha a meta da produção de adubos traçada pelo seu governo.”[1] Em seus 15 anos de funcionamento (1953-1968), a FASA atendeu a uma demanda de cerca de 40% do mercado nacional de fertilizantes[2].

Antiga Fábrica Fosforita de Olinda, 1960. 
Revista O Cruzeiro -
Fundação Biblioteca Nacional/RJ.


Mas, infelizmente o Sr. Costa Azevedo, um dos donos da Companhia veio a felecer um ano depois, e a sua fábrica começou a decair por diversos fatores técnicos, econômicos e políticos[3], principalmente devido à concorrência com a importação do mesmo produto da Flórida- EUA, culminando na sua falência em 1967. O terreno da sede da fábrica deu origem ao bairro Jardim Brasil, em Olinda. As áreas exploradas foram sendo loteadas ou abandonadas e deixaram enormes e profundos buracos que foram imundados e transformaram-se em lugares de afogamentos. [4]
Antiga Fábrica Fosforita de Olinda,
Peixinhos - Olinda/PE. (28 de maio de 1960)
Revista O Cruzeiro.

Uma dessas áreas exploradas em Abreu e Lima deu origem ao bairro do Fosfato, onde muitos ainda se lembram dos buracos profundos que ficaram cheios de água, vindo depois uma ocupação desregular após a desativação da área de exploração. Fato que se observa pelas ruas não planejadas, estreitas, muitos becos e vielas. A região do Fosfato possui um solo massapé e apresenta todas as dificuldades de qualquer bairro pobre de uma grande cidade. Faltava investimentos governamentais na educação, saúde e infra-estrutura.

Segundo as áreas mapeadas, tanto a região leste do centro da cidade, como os bairros da Matinha e parte de Caetés Velho também possui reservas de fosfato no seu subsolo, embora as ocupações e a própria BR 101 não viabilizassem a exploração.[5]

As duas primeiras imagens abaixo são da FAB - Força Aérea Brasileira da região que compreende o bairro em dois momentos: 1975 e 1988. Já a terceira imagem é uma imagem de satélite do Google da mesma região em 2018. Atualmente o bairro apresenta péssimos índices de violência, sendo mencionado diversas vezes nos noticiários. O seu desenvolvimento socio-econômico é bem abaixo dos demais bairros. Contudo, é um dos bairros mais conhecidos da cidade, sendo o quinto bairro mais populoso da cidade e possui uma população estimada em 2010 de 6.670 habitantes, segundo o IBGE. 






 

FONTE: SOUZA, Flávio Alves Leite de (2019). DE MARICOTA A ABREU E LIMA, A História da Cidade de Abreu e Lima. Recife: CEPE. pp. pág. 75-79.

[1] Diário de Pernambuco, 1958, pág.1

[2] MOURA, Sérgio de Arruda de. Exploração do fosfato começa a gerar polêmica. Diga, Olinda, Olinda, 06 a 19 jul. 1985.

[3] REZENDE, Nélio das Graças de Andrade da Mata. O fosfato de Olinda e os conflitos de mineração. Recife: CPRM, 1994.

[4] PAULA, Zuleide de. Peixinhos, um rio por onde navegam um povo e suas histórias.

[5] REZENDE, Op. Cit. Pág. 9.